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6 de janeiro de 2014

Amanhecer na Katumbela




Cuquiou o dia
no canto de um passarinho do muxito.
Ouvi
e sem depressa
como quem sonha inda

Vi
no Katumbela rio-sacarino
minha mangonha
canoa nas águas lentas
a sensação de nenhum tempo
estar

E olhei a planície      o vale
lugar onde o canavial é dono
é posse
o seu silêncio  coisas   homens
numa canção de abandono

E não ouvi demais
que o canto da madrugada
tinha da sua voz
o murmúrio de caxexe

Apenas
e lentamente
renascia em mim
um novo sono

Então
com de repente
despertei.




Arnaldo Santos

“Momentos (1958-2011)”

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